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sexta-feira, 5 de outubro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo V)

Milhares de milhões de anos.
Irmãos separados antes mesmo de nascerem.
Evoluindo em caminhos opostos, contemplam ambos as estrelas, esperando que uma os possa unir.

Conseguiram.

Privei-o de novo da luz do laboratório, convenha-se, de mais não precisava.
Senti esta leveza, um alivio depois de ouvir o trinco da última porta da câmara.
Não conseguia deixar, no que podia ter acabado de fazer, no medo do que nas minhas mãos poderia estar, ou no milagre que eu estaria a segurar.

2 dias.
Foram duas noites que não me importei de perder alguns neurónios e pestanas na ânsia de desvendar porquês escondidos naquelas amostras.

Porquê no fundo do mar?
Porquê apenas um?
Deixaram-no para trás?Porquê?

A investigação deu-nos mais respostas do que eu estaria a esperava.
Do material orgânico recolhido, a datação de carbono indicou-nos que teria cerca de 50 anos, mas eu sabia que isso não poderia estar certo, sem saberem consegui enviar um WPR, raspando a "indestrutível", consegui datá-lo como tendo mais de 7.000 anos.

Estava completamente perdido, já não sabia no que acreditar.

Descobri-mos nos dias que se seguiram, que, tal como nós, ele continha material genético, embora no seu caso, se encontrá-se em maior quantidade...
Constituído por cromossomas, 644 para ser preciso, 322 pares, sem um par sexual.

Mas no meio de tantos cromossomas, denotámos uma grande parte de ADN, que muito já não o era.
Aparentemente desligados, não produziam proteínas, não pareciam ter a habilidade de coordenar qualquer função no seu organismo.
De tal maneira decidimos utilizar o computador central M.E.R.C.U.R.Y. (alcunhado "Plutão" entre nós) para encontrar algum tipo de lógica naquela sequência de código aparentemente errática.
Fomos obrigados inventar que estávamos a fazer alguns upgrades no Mercúrio, de modo a termos desculpa para desligar-mos o acesso de todos os computadores à central, de modo a que ninguém o utilizasse durante algum tempo, esperando que nos desse o tempo suficiente.
Fazendo jus à alcunha dada por nós, não foi isso que aconteceu.

1 mês depois, suou o alarme.
Tinha acabado por descodificar tudo em simples binário, encontrando espaços, um princípio, e um fim.
Encontrava-se um padrão na secção não utilizada do ADN daquele individuo.
Um padrão, uma sequência de informação, uma cultura inteira, aberta para nós, na pele daquele ser.

Não caí em mim mesmo durante algum tempo.

A imagem que acabámos por construir de todos os petabytes de código, continha um tipo de linguagem  bastante espacial, ao invés de descrever acontecimentos no tempo, apresentava um imagem escrita de acontecimentos, com apenas espaços de algum código entre elas, fazendo-se perceber que se ligavam temporalmente, que faziam parte da mesma cena.
A primeira secção que decidimos investigar a fundo, foi precisamente a última, e a que mais me afectou.
Secção 322, pois era a única que se exprimia num tempo e num espaço bastante específico.
Essa secção que apelidámos de "Genesis" falava de alguém como eu, como nós.
Falava sobre alguém envolvido na ciência, alguém que se chamava (ou tinha como trabalho/função) de Pater.
No decorrer desta carta, irei por em papel pela primeira vez o que foi colocado no interior daquele ser.
Irei dar-te a conhecer os diários de Pater.



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