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sábado, 22 de setembro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo II)

Costumava-mos receber todas as segundas o envelope com todas as folhas, papelada, que teríamos de preencher o resto da semana.
Protocolo.
Como se não soubessem o que acontecia no laboratório durante toda a semana, a todo o segundo.
Até hoje penso que não passava de um teste de confiança.
A confiança não era mútua obviamente, nem precisava de ser, eles davam-nos o dinheiro, e nós obedecia-mos ao ultra-secretismo que nos impunham, basicamente aceitando não passar de peões num jogo xadrez.

Mas essa rotina não durou muito.

Sabemos que algo de especial aconteceu quando os senhores de fatos negros nos ligam a meio de uma noite gelada, para entrarmos no carro já se encontra à nossa porta.
Inventar uma desculpa, várias, uma mentira, sair da nossa vida para entrar no nosso sonho que se tornou pesadelo que nunca esperámos.

-Mas, que se passa...Que horas são?
-Precisamos de si, desça, estão à sua espera.
-Qual é a sur...

Dinheiro.
Poder.
Percebem?

Mas não precisavam de me pagar ver o que vi naquela noite.
Ao tentar descrever toda aquela noite, inclinado sobre a câmara, sem nunca me definir se me devia sentar ou ficar de pé...
Lembro-me que não falaram durante toda a viagem, e não era necessário, pois não só não tinham resposta para o que haviam encontrado, como sabiam que todas as minhas perguntas iriam ser multiplicadas por 100 assim que o visse.

-Vai gostar do que vai ver...Esperemos que nos possa dizer o que é...-

Formávamos um semi circulo quase impenetrável à volta do ecrã, ao lado da nossa "surpresa", na sala mais escondida da secção 6, tão escondida que mal percebi como o tinham colocado la dentro.
Há minha frente encontrava-se o que eu à primeira vista pensei ser algum tipo de míssil mas ponte-agudo em ambas as extremidades, com estranhas saliências circulares que se repetiam perpendicularmente ao eixo daquele objecto maciço.
De um metal negro espelhado, apenas mate em algumas manchas onde crustáceos se tinham fixado, e posteriormente sido retirados.
A verdade é que este objecto tinha sido recuperado de uma recente expedição militar a quase 11km de profundidade na depressão Challenger, adiando a construção da então secreta MRF DeepNeptune.

-E sou autorizado a perguntar porque nos reuniram a estas horas? Viemos aqui para vos dizer o que é que vocês andam a desenvolver?
-...Chamá-mo-vos para nos dizerem...o que é que exactamente está lá dentro.
-As nossas máquinas de TAC mal conseguiram penetrar, mas mesmo assim consegui-mos esta distorcida imagem 3D do que lá está, e que nos parece...orgânico.

O que me queriam dizer, é que tinham encontrado um sarcófago, que a minha equipa devia saber como abri-lo, e estudar...o que quer que estivesse lá dentro.
Que fique escrito que não foi minha a ideia, nem sequer a achei brilhante.
Só queria que me levassem aquilo dali para fora, para onde o tinham tirado.
Disseram-nos que não o conseguiram riscar sequer para o datar, o que percebi, não passava de uma forma de nos encobrirem algo que não tinha-mos de saber.
História com piada, como tudo mudou nas nossas vidas tão rápido.
Toda a secção 6 do Miescher Genetic Research Laboratory ficou então fechada a todos os outros engenheiros, a toda a administração, e penso que nem com assinatura do presidente se entrava por aquelas portas.
Tínhamos ultrapassado o ultra-secretismo, tinha-mos passado o alcance da lei e penso também da lógica e da razão.
Pelo menos, até descobrir-mos o que preferia-mos ter deixado em paz.


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