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domingo, 23 de setembro de 2012

The ProtoSapiens - Pater's diaries (Capítulo III)

-Já vi demasiados filmes destes...

Eu não queria acreditar no que poderia estar a minha frente.
Não queria e até hoje, não acredito.
Com alguns elevadores, carregámos as 2 toneladas do "sarcófago" de quase 4 metros de comprimento, para a câmara de vácuo.
Sabia que havia algo que não mais, algo que não batia certo com todo aquele aparato que mais parecia saído dos tempos de guerra fria, preparados em DEFCON 1.
Recordo-me que não levei aquelas horas tão a sério como a situação o exigia.
Queria obviamente saber a origem daquele objecto, embora outra parte de mim ecoava-me dentro da cabeça para que não o fizesse.
Momentos antes de o deslizarem para dentro da câmara, olhei para mim através daquele metal.
Vi esta versão obscura de mim reflectida, enquanto o tempo parecia parar, senti este pequeno desconforto dentro de mim, e por alguma razão, senti vontade de "apagar" o meu rosto da superfície cromada.
Toquei-lhe.
Um formigueiro estremeceu a minha mão, em falta de melhor descrição, como se tocasse numa criatura inerte, gelada, com imensa actividade dentro de si, tanta que parecia prestes a explodir.
Mas não me assustou, e não percebi nem percebo porquê.
Penso que houve algum fascínio que me impediu de reagir.

-Hey...não te apaixones ao primeiro toque...essa relação pode ter um fim abrupto...-

Gordon, aquela personagem que nunca deveria ter sido autorizada a entrar num laboratório, acordou-me  , e voltei a mim apenas quando ouvi a comporta a ser fechada.

Iamos então entrar em terreno desconhecido.

Segundo a "história" oficial, a cerca de 2 km do fundo, um sinal parou a tripulação da primeira esquadra de reconhecimento.
O sinal eletromagnético do sarcófago interferiu com a banda de 10 ghz do submarino, que com os cérebros militantes pensaram tratar-se de uma manobra evasiva de uma equipa que la tinha chegado a priori, mas os sonares nada captavam senão fundo de rocha e areia.
Seguiram o sinal até chegarem à fonte, ao ponto de deixarem de ter comunicações sem fios.

O sinal, após reconversão, provocou em mim um pavor inexplicável, que apenas posso explicar como indo buscar às profundezas do subconsciente, desencadeando o mais primitivo instinto de pânico e medo que o ser humano pode sentir.
Fui incapaz de permanecer naquela sala.
Continha uma secção em que emitia 3 distintos bips, e como que recuava à espera de uma resposta, num período 3 vezes mais longo.
Por isso, sem ideia do que exactamente devia-mos responder, a equipa decidiu gravar a secção de 3 bips e reproduzi-la no tempo de espera, em jeito de confirmação de que sabemos ouvir.

Emitiram o som na câmara...e esperaram...até que deixá-mos de receber sinal...e esperaram mais um pouco.
Acendeu-se um pequeno ponto de luz azul na sua ponta, e em menos de um segundo circundou na horizontal todo o sarcófago, como que fatiando-o em duas metades simetrias, num corte quase imperceptível.
Esperando que algo acontecesse, algo aconteceu.
Um liquido começou a jorrar com alguma pressão pelo corte.
Após a pressão aliviar, podémos perceber algum tipo de pequenos organismos, transparentes, caíndo aos milhares envoltos neste liquido, aparentemente mais espesso que água.
Todo o chão da câmara estava cheia desta "sopa", que não sabendo do que se tratava decidimos ligar o vácuo câmara.
Inútil.
Ao contrário da água, o liquido não ferveu no vácuo e todo o movimento que continua, decidiu igualmente não parar.
Sem escolha, e com probabilidade de destruir o que quer estivesse ainda no interior do contentor, decidiram pulverizar a câmara de ácído cianídrico.

-Zyklon, aniquilando inconvenientes desde os anos 40 do século passado...

Um clarão azul invadiu a sala.
Nada parecia mexer na câmara a essa altura, mas mesmo assim ninguém pareceu confiante o suficiente para vestir o fato e examinar o que se encontrava por lá.
Enviámos então um pequeno WPR comandado, de modo a recolher não apenas amostras do liquido derramado, como também imagens do que permanecia inerte, no seu interior, à mais de 5 milénios.
Assim que cheguei de novo à sala de teste, de água ainda na mão, deparei-me com o monitor principal, exibindo a primeira imagem do interior.
O projecto secreto de investigação, passou nessa noite a ter como nome de código
-"Luminária"-


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